Estiagem derruba produtividade da soja no Rio Grande do Sul em mais de 38%

A colheita da soja no Rio Grande do Sul está praticamente encerrada, alcançando 99% da área plantada, segundo dados divulgados pela Emater/RS-Ascar nesta quinta-feira (22). No entanto, os impactos da estiagem foram severos e resultaram em uma quebra significativa na produtividade.

O levantamento aponta que a média estadual ficou em 1.957 quilos por hectare, uma redução de 38,43% em relação à expectativa inicial, que era de 3.179 kg/ha no início do plantio. A área total cultivada no estado chegou a 6,77 milhões de hectares.

Os efeitos da seca foram desiguais pelo estado. Nas regiões mais afetadas, especialmente no Centro-Oeste gaúcho, produtores enfrentaram produtividades extremamente baixas, próximas de 480 kg/ha. Já nas áreas com menor impacto, os rendimentos superaram 3.200 kg/ha. Além das perdas no campo, agricultores também enfrentaram descontos por avarias nos grãos e dificuldades na reserva de sementes, já que o estresse hídrico comprometeu a qualidade do material colhido.

O boletim da Emater também alerta para a presença do fungo Erysiphe diffusa, causador do oídio, identificado em plantas voluntárias que germinaram a partir de sementes remanescentes no solo. A entidade alerta que esse inóculo pode aumentar o risco de infecções já no início da próxima safra, especialmente em cenários climáticos favoráveis à doença.

Outro problema que preocupa é a falta de cobertura do solo nas áreas colhidas, o que eleva o risco de erosão. Para reduzir os impactos, parte dos produtores já iniciou o plantio de plantas de cobertura, como aveia-preta, azevém e cereais de inverno, além de implementar técnicas como a construção de terraços e a aplicação de calcário, visando corrigir a acidez e preparar o solo para o próximo ciclo agrícola.