O mercado de trigo no Rio Grande do Sul mantém-se cauteloso. De acordo com levantamento da TF Agroeconômica, a atual disponibilidade no estado — estimada em 370 mil toneladas —, combinada aos estoques dos moinhos e à redução no ritmo de moagem, deve ser suficiente para suprir a demanda local até a chegada da nova safra, prevista para outubro.
Apesar disso, a diferença de preços em torno de R$ 200 por tonelada entre o trigo local e o importado expõe um problema: a menor qualidade do grão da safra 2024 no estado, além dos custos operacionais do mercado interno.
O ritmo de negócios segue lento e pautado em vendas pontuais, diretamente ligadas à demanda por farinha. No interior gaúcho, as ofertas de trigo de melhor qualidade variam entre R$ 1.350,00 e R$ 1.400,00, enquanto os moinhos mantêm propostas de compra próximas a R$ 1.300,00. No mercado externo, os contratos para dezembro giram em torno de R$ 1.330,00. Já nas negociações na pedra, os preços permanecem estáveis em R$ 70,00 a saca na região de Panambi.
Em Santa Catarina, o cenário é semelhante. As compras ocorrem de forma esporádica, principalmente de trigo vindo do Rio Grande do Sul. O valor FOB chega a R$ 1.380,00, somado a um frete médio de R$ 120,00, elevando o custo CIF para R$ 1.500,00 — patamar considerado pouco viável pelos moinhos locais. Na comercialização direta (pedra), os preços seguem inalterados por até oito semanas, oscilando entre R$ 75,00 e R$ 80,00 por saca, dependendo da praça.
No Paraná, o mercado interno continua pressionado pela competitividade do trigo importado, que segue mais barato mesmo com a inclusão dos custos de frete. Compradores estão dispostos a pagar até R$ 1.500,00 posto moinho para entrega em julho, enquanto produtores, que não têm urgência na venda, pedem entre R$ 1.650,00 e R$ 1.700,00 FOB. O trigo argentino segue ofertado a US$ 275 FOB Paranaguá, com ajustes de acordo com a oscilação cambial.
Na negociação direta no estado, os preços recuaram 0,30% na última semana, chegando a uma média de R$ 79,51 — ainda acima do custo de produção, estimado em R$ 73,53, garantindo uma margem média de lucro de 8,13% aos produtores paranaenses.